Oportunismo Reprovável

Hoje, mais do que nunca, é bastante comum encontrarmos profissionais das mais diversas áreas que optam prestar serviços às empresas com total autonomia de ação. Diferenciam-se daquelas pessoas que são funcionárias propriamente ditas porquanto possuem flexibilidade de horário, liberdade intelectual e, principalmente, ganhos financeiros superiores, dentre inúmeros outros benefícios não alcançados ao funcionário padrão.

Estes profissionais, em decorrência da flexibilidade de horário e dos ganhos financeiros superiores, têm condições de investir na sua carreira através de bons cursos de graduação, de dar para si e para suas famílias maior conforto e segurança, de usufruir de momentos de lazer mais sofisticados, enfim, de se desenvolver de forma bastante satisfatória em todos os sentidos através da sua única e exclusiva opção de trabalho.

Até aqui nenhum problema, mesmo porque compartilho da opinião que todos devem ter a ambição de buscar o que é melhor para si, sem falar que para mim esta modalidade de prestação de serviço é consequência natural da sociedade moderna. 

Entretanto, o que temos visto nos últimos tempos é o aumento desmedido de ações trabalhistas propostas por estes profissionais que de certa forma se vangloriam de ser autônomos, buscando o reconhecimento de vínculo empregatício como se fossem meras vítimas das empresas que lhe proporcionaram, por sua única e exclusiva opção, ganhos financeiros maiores, o aperfeiçoamento da sua formação, a segurança e o conforto das suas famílias, momentos de lazer mais sofisticados, dentre inúmeros outros benefícios na grande maioria das vezes não alcançados ao funcionário padrão.

Evidente que esta prática representa flagrante oportunismo reprovável na medida em se não bastasse tudo o que foi retratado até aqui, também não podemos fechar os olhos para o fato de que já faz tempo que vivemos uma considerável abundância de oferta de trabalho, de modo que é indiscutível que ninguém é obrigado a se submeter a qualquer atividade profissional que não queira.

Não tenho, aqui, a menor pretensão de discutir este assunto sob o aspecto legal, até porque sei que a nossa legislação trabalhista precisa ser modernizada em alguns aspectos e, principalmente, que cada caso é um caso.

Tenho, sim, a pretensão de abordar esta questão exclusivamente sob a ótica da integridade moral, da confiança, da honestidade, enfim de todos os elementos que formam o caráter de uma pessoa, e que lamentavelmente evaporam no dia seguinte ao término da relação vivida por este profissional, pouco ou nada importando se perdurou por 5, 10 ou 20 anos.

Precisamos cada vez mais de pessoas que consigam mostrar à sociedade certas situações sob outro enfoque, estimulando o debate, a discussão, pois é somente desta maneira que conseguiremos evoluir.