Emprego e varejo: dois pilares para a recuperação econômica em 2018

Nos últimos meses, o desemprego no Brasil vem recuando. Ficou na média de 12% entre setembro e novembro de 2017, de acordo com dados do IBGE. No entanto, um dos principais setores da nossa economia, o varejo, segue refletindo as consequências da recessão. Há ainda um bom caminho – e inúmeros desafios de mercado – a ser percorrido até que o consumidor recupere a confiança necessária para que o segmento volte a registrar os índices de crescimento de outros períodos.

O desempenho no comércio varejista sempre está relacionado com a variação da taxa de desemprego (ou desocupação), que mede o emprego formal no país, com a divisão entre o número de desempregados e a força total de trabalho. O número de empregados com carteira assinada atingiu, em novembro do ano passado, o menor nível dos últimos cinco anos, segundo o Pnad Contínua, pesquisa nacional do IBGE. Desde abril de 2015, quando a formalização começou a cair, cerca de 3 milhões de postos com carteira foram perdidos. A recuperação que observamos, portanto, é puxada pelo setor informal.

Neste cenário de incertezas, a tendência é que o consumidor seja mais cauteloso e reduza o consumo de bens e serviços. Por causa do desemprego, condição de mais de 12 milhões de brasileiros na atualidade, muitas famílias também se veem obrigadas a reduzir, ou raspar, as suas poupanças. Consome-se então só o que é necessário. Em períodos de crise, há também a restrição do crédito, um dos principais fatores de sustentação do consumo no Brasil, ao lado do próprio salário.

Tudo isso faz com que o varejo tenha dificuldades para financiar suas operações. Some o baixo índice de confiança da população, a necessidade de vender à vista, o problema do emprego e renda, a alta taxa de juros praticada, e o resultado não será favorável. Tanto para o varejista, receoso com a inadimplência, como para o consumidor, apreensivo em tomar um financiamento que comprometa a sua renda. É o círculo vicioso criado pelo ambiente de depressão a que se refere Keynes: o desemprego reduz a demanda e a economia não se aquece.

Nos últimos anos, o crescimento do PIB do Brasil tem se fundamentado em juros subsidiados para determinados setores da economia, como mercado imobiliário, ensino superior e nichos de consumo, como automóveis. Agora, identifica-se que as reformas podem motivar avanços econômicos, como a modernização das leis trabalhistas. Entretanto, para que o varejo volte a crescer, é preciso de uma política econômica que estabeleça estratégias não apenas centradas no setor, mas no emprego e na estabilidade financeira da população. Só quando tiver poder de compra e segurança, o brasileiro voltará a consumir efetivamente.

 

Maurício André Gonçalves

Coordenador da Área Tributária, Societária e Compliance

mauricio.goncalves@scaadvocacia.com.br