Desalinho entre discurso e prática: Entidades noticiam ao Banco Central e ao Ministério da Economia aumentos de até 70% nas taxas de juros praticadas pelas instituições financeiras

Abrasce (Associação de Shopping Centers), IDV (Instituto para o Desenvolvimento do Varejo), CNDL (Confedereção Nacional de Dirigentes Lojistas), CACB (Confederação das Associações Comerciais) e ABF (Associação Brasileira de Franchising) endereçaram manifestações ao Ministro da Economia, Paulo Guedes, e ao Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reportando que, na contramão das medidas urgentes de socorro ao mercado que vêm sendo divulgadas, o que se verifica é que as instituições financeiras não têm disponibilizado novas linhas de crédito a baixo custo, muito pelo contrário, elevando as taxas praticadas em médias superiores a 50% da normalidade, chegando a 70% em casos de operações habituais como capital de giro, conta garantida, antecipação de recebíveis etc.

O pedido conjunto é para que o Poder Público interceda na concretização das bandeiras de amparo e na coibição de abusos, como, por exemplo, impedindo a exigência de garantias expressivas que acabem por inviabilizar o acesso aos recursos. Estão incluídos outros pleitos, tais como que intermedie providências junto às operadoras de cartões de crédito, para propiciar maior liquidez aos empreendedores sem dependência dos bancos, além do estabelecimento de fomento específico para franquias (com carência e alongamento no pagamento), da suspensão e refinanciamento de tributos etc.

Ouvido pelo Valor Econômico, Glauco Humai, Presidente da Abrasce, pontuou que, embora sejam percebidos avanços, falta uma coordenação geral e uma posição clara quanto à efetiva satisfação dos anseios postos. De parte da Febraban, nenhuma consideração foi tecida por ora.

Paralelamente, o mesmo portal colheu depoimentos de diversos empresários, que relataram imensas dificuldades para manter caixa e giro, não encontrando, junto aos bancos, as prometidas linhas de créditos que seriam subsidiadas pelo BNDES, sequer recebendo dos seus gerentes previsões ou posições seguras a respeito.

Dizem, ainda, que fundos que atuavam na antecipação de recebíveis estão contidos, restringindo descontos de títulos a meados de abril, não aceitando papéis com data de vencimento posterior, consequência do grave cenário de incertezas.

Outra preocupação identificada em uníssono pelos empresários é o acúmulo das parcelas das renegociações de dívidas e obrigações fiscais em futuro próximo, fazendo com que avaliem alternativas como a Recuperação Judicial para preservação do negócio.

 

Equipe Scalzilli Althaus