As empresas estão prontas para o home office?

Veículos: Jornal do Comércio

Data publicação: 21/10/2019

 

A reforma trabalhista trouxe uma importante mudança: retirou os empregados em home office – aqueles que utilizam computadores em tarefas fora das dependências das empresas – do controle da duração do trabalho. Ou seja, não há mais necessidade de anotação de jornada específica.

Trata-se de uma modalidade que tem trazido inúmeras vantagens, sendo a retenção de talentos a principal delas. Trabalhar de casa é uma opção desejada por muitos trabalhadores, em razão da autonomia para ajustar a rotina às necessidades pessoais. Ainda, ganha-se em produtividade, pois o foco na entrega faz com que a pessoa precise organizar melhor a rotina. Em longo prazo, esse modelo também reduz os custos para a empresa, já que os gastos com estrutura, consumo energético, material e serviços de apoio são menores.

Mas, para se utilizar dessas benesses, é importante que a empresa observe todos os requisitos legais. Para a prestação laborativa exercida fora da organização não estar submetida ao mesmo controle daquele que trabalha dentro dela, o empregador deverá se abster de fazê-lo – sob pena de invalidar o regime e ter de pagar as horas trabalhadas. Portanto, o empregado terá ampla liberdade para determinar a sua jornada. E, em contrapartida, o empregador poderá mensurar a produtividade através de resultados, independentemente do horário em que a tarefa for executada.

Outro ponto importante é que o home office deverá constar expressamente em contrato, com todas as especificações de atividades e responsabilidades das partes, inclusive sobre quais despesas serão custeadas por cada uma delas. Caberá ainda ao empregador, de forma expressa, instruir o empregado sobre as regras de ergonomia, saúde e segurança do trabalho, a fim de prevenir doenças. Por outro lado, o empregado deverá comprometer-se com as instruções, assinando termo de responsabilidade.

Não podemos, também, deixar de levar em conta algumas dificuldades. É o caso do isolamento: o profissional passará a maior parte do tempo produtivo sozinho, e a falta de interação pode ser um problema para o alinhamento de processos. A melhor forma de evitar que isso ocorra é recorrer a mecanismos de comunicação, como chats, e criar um protocolo sobre como agir em situações adversas.

Recomenda-se consultar especialistas e começar a implantação com um projeto-piloto. Esse processo tornará possível identificar as melhores práticas dentro da sua atividade. Também, é necessário desenvolver um regulamento interno, contendo as regras de forma clara. E é importante frisar: nem todas as atividades podem ser realizadas remotamente.

De fato, o home office é uma importante ferramenta para empresas que estão focadas no futuro. Traz o grande diferencial de possibilitar que o controle do empregador seja baseado no resultado, e não na observação. Mas tanto gestores como colaboradores precisam estar atentos aos detalhes, para que ambas as partes potencializem os benefícios com segurança.