01 abr Recuperação Judicial na Prateleira
Hoje em dia o assunto da Recuperação Judicial já não é mais somente de pauta de advogados e empresários em crise. É uma matéria de interesse do mercado e sociedade como um todo. Muito pelo fato da repercussão da mídia sobre a adesão à medida das empresas envolvidas na Operação Lava Jato, pelo significativo aumento da demanda, pela crise que o país enfrenta, por vários segmentos que estão praticamente derretendo terem aderido ao benefício, pelo fato do assunto ter transitado até mesmo nos tabloides futebolísticos, com manchetes de uma possível recuperação da Arena. Enfim, a Recuperação Judicial nunca foi tão popular!
O aumento da demanda é significativo e preocupante, pois estamos vivenciando um momento de oportunismo jurídico e veneração ao instituto.
A Recuperação Judicial não pode ser vista como um “produto” que pode ser ofertado ao empresário/cliente. Não é admissível que um assunto tão sério seja tratado de forma simplória e até mesmo irresponsável. Muitos profissionais têm orientado seus clientes a ingressar com a Recuperação Judicial com promessas de que após a concessão da medida conseguirá aportes financeiros, investidores para a empresa, de que a Recuperação Judicial é a salvação da corporação. Só que muitas vezes essas promessas não se concretizam e o empresário só fez piorar sua situação, já tão difícil. Pois ingressou com uma medida recuperatória sem organização, sem caixa, sem viabilidade financeira e possui 60 dias para apresentar um plano de pagamento. Ou seja, está a um passo da falência. Sim, pois não se pode falar em Recuperação Judicial sem falar em falência, já que, infelizmente, esse é o caminho para empresas que ingressam nesse instituto nessas condições.
Para aderir a um processo de Recuperação Judicial é necessário análise, preparação, organização, controle, choque de gestão, reposicionamento, cortes! É de vital importância a compreensão de que a Recuperação Judicial não é um trabalho puramente jurídico, e muito menos para amadores. Exige planejamento financeiro, controle de fluxo de caixa e a condução por profissionais experientes na matéria, que orientem e tragam à mesa todos os pontos críticos da lei antes da decisão de ingressar com a recuperação Judicial.
É positivo que os empresários busquem auxílio e falem sobre sua situação financeira. A crise que o país vivencia trouxe isso de bom, pois já não é tão feio ou doloroso falar da situação financeira, mas fica o alerta de que essa medida não é simples, não é fácil e, principalmente, não é uma solução mágica. Deve ser implementada com muita responsabilidade e controle, e o empresário precisa estar ciente de todos os riscos, benefícios e consequências!