Presidente da Busscar vai prestar depoimento na Justiça como réu

O presidente da Busscar, encarroçadora de ônibus que acumula dívidas de R$ 1,3 bilhão e está há dois anos sem pagar os funcionários, Cláudio Nielson, foi intimado a prestar depoimento na Justiça em processo que apura supostos crimes contra a ordem econômica, tributária e de relações de consumo.

A defesa tentou impedir o depoimento, alegando que as testemunhas de acusação seriam ouvidas por carta precatória, mas o juiz Marcos Buch rejeitou as alegações da defesa do empresário.

O depoimento de Cláudio Roberto Nielson foi marcado para esta quinta-feira, de acordo com o colunista do jornal A Notícia, Cláudio Loetz.

A Busscar enfrenta sua segunda crise recente. A primeira foi entre os anos de 2001 e 2003, quando recebeu apoio do BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social para se reerguer.

A atual crise teve início em 2008. Segundo a empresa, foi reflexo das restrições ao crédito por conta da crise financeira internacional.

Já analistas dizem que a Busscar não resistiu ao momento de turbulência econômica mundial, pois estava ainda fragilizada por conta do episódio do início dos anos 2000 e acumulou erros administrativos.

Em 31 de outubro do ano passado, a Busscar conseguiu a oportunidade de apresentar um plano de recuperação judicial. A empresa se mostra otimista. Aguardando a aprovação de um programa de exportação de ônibus brasileiros para a Guatemala, no qual a empresa teria participação, a companhia da família Nielson prevê, neste plano, produzir somente em 2012, 1,8 mil carrocerias, com lucros de R$ 335,6 milhões.

Credores e representantes, como o Sindicato dos Mecânicos de Joinville, veem inconsistências no plano em relação aos números de mercado e discordam dos descontos sobre os débitos propostos pela Busscar.

Em Assembleia Geral realizada pelos trabalhadores, o Sindicato dos Mecânicos já declarou que vai rejeitar na Assembleia Geral dos credores prevista para o final de maio o plano de recuperação.

Outros credores também não se mostraram satisfeitos com o plano, principalmente em relação ais descontos.

A Busscar só se livrará da falência se houver aprovação total do plano de recuperação.

Outro ponto que levanta dúvidas em relação ao caso Busscar é que a família Nielson, dona da empresa, é credora também da própria companhia, e que tem a receber R$ 1,5 milhão da empresa que administra.

Segue nota de Cláudio Loetz:

“O juiz João Marcos Buch indeferiu, em despacho do dia 6 de março, pedido do empresário Claudio Roberto Nielson, de suspensão de audiência marcada para quinta-feira, no Fórum da Comarca de Joinville.

Nielson, que é presidente da Busscar Ônibus, é réu em ação penal por crimes contra a ordem tributária, econômica e de relações com o consumo. O processo tem o número 038.11.046337-1. Na defesa, os advogados dele queriam o adiamento porque as testemunhas de acusação serão ouvidas mediante carta precatória, em outros municípios, nos dias 19 de outubro e 14 de novembro.

O juiz rejeitou a solicitação, invocando o artigo 222, inciso primeiro do Código de Processo Penal: “A expedição da precatória não suspenderá a instrução criminal”. E também citou, no despacho, o artigo 400 do mesmo código, que trata especificamente da audiência.

E avisa para as testemunhas de defesa comparecerem na data definida, independentemente de intimação”.