O diálogo sempre será o melhor caminho

Imagine estar em seu dia normal de trabalho e, de repente, ser surpreendido com uma notificação no app da carteira de trabalho, dando conta que você foi demitido, sem que a empresa tenha lhe comunicado. É o que tem sido relatado por vários profissionais recentemente, expondo uma enorme falha na relação das companhias com seus colaboradores, no que diz respeito à comunicação, diálogo e feedback.

O papel fundamental de um líder é acompanhar o desenvolvimento de seu time e, principalmente, identificar o que está dando certo e o que é preciso evoluir para a excelência do resultado. Uma empresa que não comunica suas mudanças para o grupo, que não consegue explicitar em palavras o desempenho de seu colaborador, sem dúvidas não se preocupa com a equipe, com a satisfação do colaborador e sua evolução no negócio.

Um profissional que erra e não evolui sempre gera impactos. Muitas vezes é preciso recalcular a rota, apontando falhas e garantindo que elas não se repitam — sem que uma atitude drástica como o desligamento seja o único caminho. Toda vez que um colaborador deixa o grupo, um desconforto e conversas internas entre os demais podem acontecer. Dúvidas e medo do que pode vir a acontecer com cada um que compõe o time também são comuns.

Além de uma maior carga de trabalho para as equipes que terão que absorver a demanda ou auxiliar na capacitação para o novo colega, desligamentos também geram investimento de novos processos seletivos. Antes de a demissão ser o caminho, as empresas precisam avaliar e considerar o potencial técnico, o engajamento e a entrega das equipes. Além de valorizar quem está contribuindo para o resultado, sinalizar com um feedback construtivo e desenvolver capacidades que estão em déficit são recursos importantes para uma corporação.

Não estou afirmando que a empresa tem que permanecer com profissionais que não entregam, muito pelo contrário. Mas se os processos estão bem definidos internamente, a comunicação deve ser clara desde a contratação — apontando responsabilidades e oportunizando espaço de troca e de amadurecimento profissional, enaltecendo os aspectos que agregam e os que estão aquém do esperado para a função.

E, se for o caso de uma demissão, o processo deve ser humanizado, além de atender todos os trâmites legais exigidos. Não pode ser algo frio como o que algumas pessoas têm manifestado, sabendo do seu desligamento por uma notificação, sem uma conversa clara e com olho no olho.

Seja qual for a situação do trabalhador, a premissa dos gestores deve ser de uma comunicação próxima e empática, evitando uma série de percalços no decorrer do caminho. Precisamos ser sinceros e apontar sem receio os erros. Isso gera oportunidades de mudanças positivas, crescimento pessoal, e, consequentemente, garante grandes resultados e aprendizados para o negócio. O diálogo sempre será o melhor caminho.

 

Cassiane Rubbo
Psicóloga e gerente de Pessoas do escritório SCA – Scalzilli Althaus