Magnólia foca no middle market da região Sul

Nem as grandes nem as pequenas empresas, o foco da Magnólia Partners está no potencial de negócios para fusão, aquisição ou atração de investidores do mercado financeiro e fundos das companhias de médio porte. É o chamado middle market, com faturamento entre R$ 70 milhões e R$ 400 milhões. A Magnólia, que começou a operar em janeiro passado, com sede em Porto Alegre e foco em empresas instaladas na região Sul do País, aposta no potencial de atração nos dois lados — empresário e investidor. Só falta fazer os dois conversarem e, de preferência, na hora certa, sugerem os diretores e executivos.

A empresa da área de assessoria a investimentos e montagem de operações tem em carteira pelo menos seis negociações com potencial avaliado de R$ 500 milhões. Um dos sócios-diretores da Magnólia, Eduardo Bugs, que foi acionista da XP Investimentos, projeta que até o fim do ano a cifra de transações pode alcançar R$ 1,5 bilhão. As tratativas envolvem operações em táxi-aéreo, varejo, tecnologia da informação (TI), educação e transporte e logística. Das seis, apenas uma tem sede no Rio Grande do Sul. Bugs acredita que as possibilidades são crescentes e aposta que o perfil familiar da estrutura de capital dos negócios locais seja uma vantagem.

O sócio-diretor detalha que a estrutura da Magnólia foi pensada para aportar todo conhecimento e assessoramento para empresas que analisam a abertura a novo capital. Ou que ainda nem cogite. “Pretendemos ajudar em todas as áreas que envolvem a negociação”, assinala Bugs. E um dos itens que mais pesam é ter contabilidade em dia e governança bem definida. Na gestão financeira e compliance estão grandes desafios. “A maior parte das companhias não consegue manter em dia estes dados”, observa o sócio-diretor. Uma razão depende menos das operações e envolve a complexidade do sistema tributário e legislação.

“As empresas da região avançaram muito em profissionalização e resolver a sucessão também pode abrir espaço para uma decisão estratégica sobre um novo momento do negócio”, lembra Bugs. “A intenção é funcionarmos como link entre o empresariado local e capitais”, conclui o sócio-diretor. Ao mirar o segmento de médio porte, a gestora de operações espera ter maior acesso a empresas que estão no interior dos três estados do Sul, que não costumam colocar na estratégia a captação e sócio ou eventual comprador. Quando surgir esse momento, a Magnólia quer estar dentro do negócio. “Ou é hora de vender ou de se unir a outra operação”, assinala o diretor comercial Nilton da Silva, também com passagem pela XP Investimentos. “O processo envolve conhecer a empresa, destrinchar seus dados e apresentar uma proposta detalhada”, exemplifica o diretor comercial.

Silva traz a expertise de atuar na área financeira e relação com clientes para indicar opções a empreendedores dispostos a prospectar alternativas ao seu negócio. “A saída pode ser vender uma parte do negócio”, exemplifica o diretor comercial, indicando que hoje há instrumentos no mercado que podem resolver demandas de forma mais eficiente. Os dirigentes da Magnólia projetam mercado aquecido para incorporações e captação de investidores, com perfil de private equity ou venture capital. Os números de fusões e aquisições, no começo do ano no País, indicaram maior fôlego, frente a períodos anteriores. De janeiro a abril, levantamento da PwC no Brasil apontou 260 transações ante 258 do mesmo período de 2013.

A estratégia de assessoramento aposta na aplicação de um sistema próprio com ferramentas de tecnologia de informação (TI) para análise de dados dispersos (Big Data). O conjunto de informações que os executivos e analistas acumulam será canalizado para melhorar e elevar a assertividade das negociações. O sistema está em desenvolvimento, e segundo o diretor da área, Bruno Ruschel, com experiência em mercado de incorporação e investimento imobiliário, deve usar como um dos trunfos para reduzir riscos das transações. “Será um dos nossos pilares para termos mais segurança na análise e decisão”, explica Ruschel. Cada nova informação, quase sempre revestida de sigilo, alimentará o sistema que dará suporte a executivos e diretores em cada negócio ou novas possibilidades de transações. “É uma fase de análise intensa e eliminamos riscos”, observa o gerente de TI.

Fusão e aquisição estão nos planos de 31%das companhias, revela sondagem da PwC

Comprar e vender operações estão na mira de 31% das empresas na região Sul do País. A intenção foi revelada na 4ª sondagem da série A Força do Sul, apurada pela PwC, que identificou entre os principais executivos de companhias de médio e grande porte, situadas nos três estados, esse tipo de estratégia para os rumos dos negócios nos próximos anos. Pela sondagem, 21% dos executivos indicaram que poderão adquirir empresas, enquanto 10% cogitam negociar parte ou toda a operação com eventual comprador. A maioria, 66%, ainda não considera esses mecanismos nas ações de gestão, enquanto 3% não opinou.

Fazer fusão ou aquisição despontou como um mecanismo a ser ativado por 11% dos ouvidos como arma para enfrentar situações que mais impactarão os negócios. Entre as principais indicadas estão carga tributária, contratação e retenção de capital humano e infraestrutura. “Essa percepção dos executivos mostra que há muito espaço para crescer ainda e para usar fusões e aquisições para enfrentar desafios”, concluiu o diretor da PwC do Brasil e especialista na área para a região Sul, Alexandre Scherer Borborema. “As empresas no Sul são mais conservadoras, buscam soluções como crescimento orgânico”, justificou Borborema. A sondagem feita em São Paulo indicou que 28% analisam os processos de abertura a sócios ou troca de comando.

Duas razões podem comandar este comportamento, segundo o diretor. A cultura dos gestores e o predomínio do perfil familiar na propriedade. O especialista ressaltou que fusão ou aquisição pode ser o caminho mais rápido para crescer ou mesmo para consolidar mercado. Na pesquisa da consultoria, o Sul respondeu por 12,8% das transações no primeiro trimestre deste ano, ficando atrás apenas do Sudeste, com 77,3%. Nordeste responde por 5,8%, Centro-Oeste por 2,9% e o Norte por 1,2%. Foram 22 negócios no Sul, liderados pela área de tecnologia da informação (TI), mesma tendência no País. “Há uma gradativa retomada de transações”, observou o diretor da PwC. Como a região respondia, em 2012, por 16% do PIB brasileiro, Borborema acredita que há mais fôlego a ser usado para promover transações.

O levantamento não chega a fazer recorte por porte de empresa, mas o especialista ressaltou que o interesse nas operações de médio porte é certo e crescente. Na área de TI, faturamento bruto anual entre R$ 20 milhões e R$ 400 milhões (faixa de receita enquadrada no médio porte pela consultoria) é mais regra que exceção e as transações revelam interesse de players locais e mundiais. Para quem pensa em discutir venda de parte ou de todo o negócio, Borborema reforçou o que a Magnólia Partners pretende atacar. “Ausência de controles internos adequados e contingências fiscais e trabalhistas que podem virar passivos futuros são as principais razões para não concluir transações”, listou o diretor da PwC. Antes de sair buscando sócio ou comprador, o melhor é primeiro arrumar a casa.