Fusões & Aquisições – Oportunidade e Risco!

Quatro vezes um é igual a um! Essa é ainda a matemática feita pelo investidor americano em relação ao Brasil. Para aqueles que acharam que o câmbio altamente favorável aos gringos, com o derretimento do real que acumula mais de 30% de desvalorização somente este ano, iria aquecer o mercado de fusões & aquisições se enganou. Se contabilizarmos os últimos 12 meses, essa queda é mais expressiva e ultrapassa 50%.  Mas por que então o investidor estrangeiro não está aproveitando essas oportunidades? As incertezas econômicas e políticas do Brasil ainda estão falando mais alto. A alta inflacionária e um mercado desaquecido tem inibido a realização de bons negócios no Brasil. Eles são feitos, mas de forma pontual e em relação há alguns mercados, como o segmento de tecnologia. Enquanto o Brasil não espantar o fantasma do risco da perda de grau de investimento e não sabermos quando será o fundo do poço – fim do ciclo da alta de juros, declínio da inflação e queda na taxa de desemprego – o investidor não se motiva a vir às compras.  Nem vou me aprofundar aqui nas reformas estruturantes prometidas em mais de uma dezena de vezes e que não saíram do papel, no descontrole fiscal, no asfixiante sistema tributário e na força regulatória do Estado em diversos setores. A Índia, por outro lado, é a menina dos olhos do BRICS, com desburocratização, reformas econômicas e crescimento até então sustentável. Em contraste, no que tange a desvalorização da nossa moeda, só perdemos para a Rússia e a Colômbia. Por tudo isso, comprar empresas no Brasil não está fácil. Há parques industriais modernos, produtos de valor agregado, cadeias consolidadas e até mesmo inovação. Tudo isso, infelizmente, a venda, por falta de receitas e endividamento, desalento do empresário e brigas societárias, sendo estas, talvez, a consequência ou até mesmo a causa. Mesmo assim, o gringo não se sente confortável. As linhas de crédito estão mais escassas, caras e os fundos de investimento bem mais precavidos e cautelosos. Há casos de empresários entregando tudo pela dívida. E mesmo assim não há comprador. Com pouco mais de R$ 25 milhões de dólares o investidor pode arrebatar companhias avaliadas em mais de R$ 100 milhões de reais. São ativos poderosos, em mercados competitivos e com grande chance de se ganhar dinheiro. A crise não ficará aqui para sempre. São ciclos, alguns mais profundos e traumáticos que outros, mas as oportunidades sempre existirão. Quem estiver disposto a tomar risco, a enfrentar um processo de compra, de due diligence, transição operacional e etc., assumindo, ao final, como capitão da embarcação, mesmo navegando em mares turbulentos e desconhecidos, pode encontrar um grande tesouro ali na frente.