Boas práticas de governança avançam em ritmo acelerado.

Um número crescente de empresas brasileiras já possui ferramentas internas de governança, como Comitê de Auditoria, Comitê de Remuneração e Comitê de Riscos para suporte ao Conselho de Administração, revelou a pesquisa Governança Corporativa e o Mercado de Capitais, elaborada pelo ACI Institute, da multinacional de auditoria KPMG. O estudo conclui que 100% das companhias em níveis diferenciados do mercado (Novo Mercado, Nível II e Nível I) contam com um Código de Ética e Conduta, e 61% delas têm auditoria interna.

Para o sócio de Governança Corporativa e Riscos da KPMG no Brasil Sidney Ito, as boas práticas de governança passam a ser um fator de vantagem competitiva em um momento de preocupação econômica e de seus reflexos no negócio. “Além de permitir um maior controle das operações e uma gestão mais eficaz dos riscos, elas trazem visibilidade a empresas não só perante investidores, mas a todos os demais interessados nas empresas (instituições financeiras, fornecedores, private equities) em busca de negócios sólidos e perenes”, destaca Ito.

Quem ganha, afirma o também líder do ACI Institute, é a sociedade e o mercado de capitais, que se beneficia com a existência e a opção de organizações mais estruturadas, transparentes e responsáveis, focadas no negócio e na sua continuidade.

Entre os destaques nos comparativos anuais está o número de empresas que apresenta Comitê de Auditoria na estrutura. Enquanto em 2008 apenas 75 companhias contavam com o setor, em 2015, voluntariamente, são 106. Com relação ao Código de Ética e Conduta, 100% das organizações em níveis diferenciados do mercado contam com esse item, sendo que, em 2008, eram apenas 41%. Um dos principais fatores responsáveis pela adesão das companhias ao setor foi a mudança nas regras da BMF Bovespa.

O estudo também aponta que as empresas estão preocupadas em resguardar seus administradores. No ano passado, 87% delas contrataram o seguro D&O com o objetivo de proteger diretores e administradores contra reclamações de terceiros sobre os atos de gestão praticados no exercício de suas atribuições. Em 2010, eram apenas 72%.

“Esse interesse em boas práticas de governança não é somente uma tendência e deve se intensificar ainda mais. O crescente ativismo dos investidores, as exigências regulatórias, destacando-se a Lei Anticorrupção, e os recentes escândalos e fracassos corporativos são alguns dos principais fatores que têm pressionado as empresas e incentivado a administração a esforçar-se pela compatibilização dos interesses de todos”, analisa Sidney Ito.