19 mar Apesar de enchentes, chuvas decepcionam o setor elétrico
Apesar das enchentes verificadas em várias regiões, o país vai encerrar a temporada de chuvas de verão com nível de precipitação abaixo do esperado para o bom funcionamento do sistema de geração hidrelétrico. O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) revisou para baixo a previsão do nível dos reservatórios das usinas do subsistema Sudeste/Centro-Oeste para o fim de março, de 54,2% para 52%. Nessas duas regiões, que concentram 70% da capacidade de armazenamento de água do país, choveu em março apenas 81% da média histórica – a previsão do ONS era de 89% -, o que reduziu o volume que entrou nos lagos das usinas em relação ao estimado no início do mês.
Diante do cenário desfavorável, não há nenhuma indicação de que as autoridades do setor elétrico determinem o desligamento das usinas termelétricas em curto prazo. Elas estão gerando hoje 15.200 megawatts (MW), o equivalente a um quarto do consumo do sistema. Sua manutenção em funcionamento pode garantir que o país não correrá risco de racionamento até 2014.
A meteorologista Patrícia Madeira, da Climatempo, disse que apesar da sensação geral de que as chuvas foram abundantes em fevereiro e março, seu nível foi inferior à média histórica para o período no Sudeste. Além disso, as chuvas nesses dois meses concentraram-se na parte leste dessa região, principalmente no litoral. Por isso, não irrigaram com maior intensidade as bacias hidrográficas.
Neste verão, que termina amanhã, praticamente não houve o fenômeno climático conhecido como “zona de convergência do Atlântico Sul”, que cria uma faixa de instabilidade com chuvas contínuas e concentradas sobre os reservatórios das usinas hidrelétricas. O que houve foram mais pancadas fortes e isoladas.
Segundo o ONS, a previsão de energia natural afluente para a bacia do rio Paranaíba, uma das principais do Sudeste/Centro-Oeste, foi revista de 80% para 61% da média histórica em março. De dezembro de 2012 até março, também têm se verificado vazões afluentes significativamente desfavoráveis nas regiões Nordeste e Norte do país