Um fôlego às empresas

Os dados divulgados nos primeiros dias do ano indicando que o número de empresas recorrentes à recuperação judicial foi recorde em 2016 não surpreenderam quem trabalha na área. Segundo a Serasa Experian, foram 1.863, um aumento de 44,8% ante 2015. Uma realidade infelizmente crescente. Em 2015, foram 1.287. Em 2014, 828 ocorrências. A crise econômica prejudicou as vendas de modo geral e, para piorar, acessar crédito ficou mais difícil e caro. As perdas, é claro, se expandiram para toda a sociedade. As micro e pequenas empresas, que têm importante papel na geração de emprego em nosso país, lideraram essa triste lista de recuperação judicial do ano que passou, com 1.134 solicitações.

Nós, que atuamos diretamente nos procedimentos, percebemos que, assim como no caso de um doente, quanto mais cedo as organizações iniciarem a recuperação, melhores tendem a ser os resultados e maior a chance de manter as portas abertas. Assim, como uma sugestão para o novo ano, indicamos uma análise detalhada da situação empresarial para que, se já for o caso, não se retarde o pedido de recuperação judicial. Sabemos que muitos processos têm resultados positivos e cada empresa que se reestabelece gera um ganho também dividido por toda a sociedade. Mais que se manter no mercado, as organizações que passam por esta experiência têm uma chance de melhorar sua vida como um todo, pois a reestruturação é multidisciplinar, envolvendo gerenciamento financeiro, medidas jurídicas e gestão da corporação. Após o diagnóstico, é preciso que o caixa dite as regras, buscando redução de custos, de pessoal, se for o caso, e até mesmo arrefecimento da corporação para que possa encontrar seu ponto de equilíbrio. Mas além de negociar com bancos, buscar alongamento de dívidas e parcelamentos mais longos com fornecedores, é fundamental que a empresa compre a ideia da nova cultura e que os líderes estejam completamente aderentes ao novo projeto.

A mudança de ano traz novos ares – mesmo que simbolicamente – o que aumenta o otimismo e a confiança em melhores negócios. Sim, estamos confiantes, afinal conhecemos os resultados de processos bem sucedidos de recuperação judicial.