Paralisia do empresário na crise

É impressionante como em momentos de crise o mercado e a mídia dão ênfase às medidas necessárias para solução das dificuldades enfrentadas pelas empresas. Profissionais experientes não querem inventar a roda, apenas defendem que ações de gestão sejam efetivamente aplicadas, com corte de custos, diminuição da estrutura, reposicionamento dos produtos, ações de engajamento de pessoas, melhora na comunicação interna e proteção do fluxo de caixa.

Como suporte a essas medidas, o endurecimento na relação com credores, objetivando diminuição da dívida, multas e custo financeiro, é essencial para que a empresa se adapte a nova realidade de mercado.  Mas por que na prática isso é tão difícil? Há uma letargia do empresário que ainda acredita que a crise é passageira. Como resultado, os impostos, os fornecedores e acessórios trabalhistas não são pagos.

Os poucos recursos que entram são imediatamente direcionados para contas que não contribuem para o salvar a empresa. Quando salários começam a atrasar e já não há canais para compra de insumos, a crise entra num estágio agudo, mas ainda assim o empresário continua sua rotina achando que a solução é externa. A saída usual é peregrinar por instituições financeiras na busca de mais e mais recursos financeiros, naturalmente com juros mais altos em razão do risco.

O que existir de patrimônio pessoal do empresário será hipotecado para obtenção de dinheiro a qualquer custo. Crises vão deixando marcas e ineficiências que se cristalizam muito em momentos como esse. Em cenários de dificuldade extrema, digo que é melhor uma decisão errada, sujeita a ajustes, do que não tomar decisão alguma e apenas esperar.

O empresário tem de agir para deixar a empresa enxuta superando o trauma de estar bem menor que a média do mercado. Assim, será mais fácil engajar o grupo nos ajustes ainda necessários e criar um ambiente para inovação. Quem sobreviver apresenta valores e princípios corporativos mais fortes e competitivos, aproveitando vácuos no mercado deixado por concorrentes que tombaram ou ainda continuam pensando em como agir.