Os Frigoríficos, por quê?

Nas últimas semanas voltaram à cena notícias dando conta da interdição de mais um frigorífico por parte do Ministério Público do Trabalho. No caso, a justificativa do MPT era o risco à saúde e integridade física dos trabalhadores como problemas de ergonomia, além do perigo de amputação e morte.

É indiscutível que a saúde e a integridade física dos funcionários de qualquer empregador não podem, de maneira alguma, ser colocadas em risco por menor que seja a ameaça, decorrendo daí a necessidade de um Ministério Público do Trabalho eficaz e atuante.

Contudo, o que temos visto na prática em certos casos é uma cobrança até certo ponto exacerbada dos frigoríficos por parte das Delegacias Regionais do Trabalho e do próprio MPT.

Digo exacerbada pelo fato de que não encontramos atuação de igual impacto destes órgãos na maioria dos outros setores produtivos da sociedade.

E, mais, digo exagerada porque há muito tempo os grandes frigoríficos, mesmo considerando as suas peculiaridades intrínsecas de produção, tornaram-se ambientes seguros para se trabalhar, respeitando a saúde e integridade física dos colaboradores através da automação das suas unidades, do fornecimento de todos os equipamentos de proteção necessários, da adoção de ginástica laboral, de intervalos especiais, enfim de uma série de elementos preventivos e protetivos que sequer são encontrados em outros setores produtivos.

Obviamente que uma atuação acirrada por parte do Ministério Público do Trabalho cercando os frigoríficos, adicionada a notícias de cunho sensacionalista veiculadas na mídia, acaba denegrindo injustamente sua imagem e, pior, influenciando de forma bastante negativa o judiciário trabalhista que vem impondo condenações em muitos casos absurdas e desmedidas, desconsiderando por completo tudo o que foi dito até aqui e principalmente os milhares e milhares de empregos diretos e indiretos que são gerados, e que restam gravemente afetados em cada interdição, dos milhões de reais em impostos que são recolhidos, das regiões do país que são desenvolvidas, entre inúmeros outros benefícios, como se fossem punidos justamente por tudo isto.

Portanto, a reflexão sobre o assunto é de suma importância para que tal prática não se perpetue, evitando-se, dessa forma, graves prejuízos que em algum momento poderão ser irreparáveis para a própria sociedade.