Medidas fitossanitárias russas preocupam exportadores

Em 10 anos, a Rússia já impôs quatro embargos à carne brasileira. Por isso a advertência de Alexei Shelgov, o chefe da delegação de inspetores russos que está auditando as indústrias de carne no Brasil, de que as exportações de carne podem ser suspensas não constitui uma surpresa. No entanto, a advertência não deixa de ser uma preocupação. Alexei Shelgov representa a Rosselkhoznadzor, o Serviço Federal de Fiscalização Veterinária e Fitossanitária da Rússia, órgão responsável pela inspeção de carne bovina, suína e de ave. Desde Agosto de 2011, o Ministro da Agricultura Mendes Ribeiro Filho tem perdido o sono pensando em como atender as demandas do maior mercado importador de carne brasileira. O desassossego hoje será por conta da Ractopamina, substância usada na alimentação de porcos, e banida na Rússia, entre outros países.

Além do Brasil, também a Austrália e os Estados Unidos têm enfrentado dificuldade para que países importadores aceitem a utilização da Ractopamina na ração animal. Juntamente com a Rússia, a União Europeia e a China proíbem a utilização da substância, embora ela tenha sido aprovada pela Anvisa e pelo FDA, o órgão norte-americano responsável pelo controle de alimentos. De acordo com Erin Daley, economista da Federação Norte-Americana de Exportação de Carne Bovina, em menos de uma década o Brasil assumiu a liderança entre os maiores exportadores de carne, passando da quarta posição à primeira. No entanto, este não é um motivo para complacência por parte de frigoríficos como a Brasil Foods, Frialto, Mataboi, Marfrig, ou Minerva. Embora nos últimos dez anos as exportações brasileiras tenham se tornado quatro vezes maiores, mais recentemente houve uma queda de 10,9% nas exportações para a Rússia, sobre o período de janeiro a abril do ano passado, de acordo com a Abiec, a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes. Talvez seja o momento de abocanhar o mercado russo de carne e, de quebra, o da China.