Lei de desmanche beneficia seguros

A aprovação da lei federal que trata da atividade de desmanche de veículos, feita ontem pela presidente Dilma Rousseff, tem potencial para baratear o custo do seguro de automóvel e aumentar a escala desse mercado no país.

A lei pode tornar mais barato o seguro de automóveis por mexer em dois importantes itens da formação de preço do seguro. Um deles é potencial de diminuir a incidência de roubo e furto, já que muitos carros são roubados para que suas peças sejam vendidas. Outra razão é por possibilitará o uso de peças usadas em reparos. Como até então a atividade de desmanche não era regulada, ela era feita de maneira informal pelos “ferros-velhos” e, por isso, as seguradoras não podiam utilizar as peças derivadas desses desmontes para o reparo de veículos batidos.

Hoje, apenas 30% da frota de veículos no país tem seguro, percentual que está estagnado há pelo menos 20 anos. Com a possibilidade do uso de peças usadas, no entanto, essa fatia pode subir para 50% nos próximos dez anos por diminuir o custo da apólice, estima Luiz Pomarole, diretor de produtos da Porto Seguro. Isso porque o alto preço da apólice é um dos motivos pelos quais uma boa parcela dos donos de carros não contratam seguro. A Porto já tem uma empresa de desmonte e comercialização de peças de veículos.

A lei sancionada entra em vigor em um ano e estabelece que a atividade de desmonte de carros só poderá ser feita por empresas registradas e autorizadas pelo orgão de trânsito estadual. Os automóveis poderão ser desmontados somente depois de seu registro no Detran e as peças usadas terão que ser cadastradas num banco de dados, ainda a ser criado, para que possam ser comercializadas.

Com a regulamentação da lei federal, o mercado de seguro deve discutir a criação do seguro popular, que prevê o uso de peças usadas pelas seguradoras no reparo de veículos. “Agora vamos conversar com a Susep para a criação do seguro popular, que só é viável se pudermos usar peças usadas. A ideia é que esse produto seja direcionado para veículos com mais de cinco anos, cuja maioria não tem seguro”, diz Neival Freitas, diretor-executivo da Fenseg, que reúne seguradoras de riscos patrimoniais.

Procurada, a Susep disse que a lei será analisada pelo grupo de trabalho que estuda a criação do seguro popular. Quando estiver pronta, a proposta será colocada em consulta pública. A aprovação cabe o Conselho Nacional de Seguro Privado.

Thais Folego – De São Paulo