Denúncia atinge Teixeira e Havelange

Escândalo envolvendo os nomes dos ex-presidentes da CBF Ricardo Teixeira e da Fifa João Havelange veio à tona ontem, deixando ambos em situação delicada perante a Justiça. Segundo matéria do UOL Esporte, Teixeira teria usado a empresa Sanud, juntamente com o ex-sogro João Havelange, para receber comissões em nome da Fifa e não repassou os valores para a entidade máxima do futebol.

Embora as quantias finais não tenham sido confirmadas, os subornos podem ter ultrapassado o valor de R$ 40 milhões. Boa parte desse dinheiro foi recebida pelos dois ex-dirigentes entre os anos de 1989 e 1998, período no qual Havelange pediu licença do cargo de mandatário da Fifa e ficou depositado na conta bancária de ambos. Além da Sanud, Teixeira e Havelange teriam usado o fundo Renford Investiments e a empresa Garantie JH para coletar propinas durante a venda dos direitos de transmissão dos jogos da Copa do Mundo de 2010.

O escândalo, apontado como o maior do futebol mundial, relata que 32 depósitos foram feitos entre os dias 10 de agosto de 1992 e 4 de maio de 2000 na conta da Sanud.

A Sanud e a Garantie JH receberam entre 1992 e 1997 22 repasses financeiros, totalizando US$ 10 milhões. A Garantie JH recebeu em um único depósito, de 3 de março de 1997, US$ 1 milhão. Os outros dez repasses foram feitos para a conta da Renford Investiments Ltd.

O dinheiro movimentado pela Fifa passava anteriormente pela empresa ISL (International Sports Leisure), especializada em marketing esportivo e montada por Havelange. A ISL tinha 50% de capital japonês e acabou quebrando em 2001.

A falência da empresa despertou a atenção do Ministério Público, que iniciou as investigações sobre os motivos que levaram a ISL a encerrar suas atividades.

“O pagamento foi feito pela ISL e uma de suas subsidiárias, a ISMM Investiments, que recontratava empresas para vender direitos de televisão e rádio a um país da América do Sul. Os dois únicos interessados em direitos de televisão na América do Sul e que eram oficiais da Fifa e operavam a Sanud e a Garantie JH são Ricardo Teixeira e João Havelange”, afirmou o promotor suíço Thomas Hildebrand, que abriu ação criminal contra os dois ex-dirigentes.

Ainda segundo Hildebrand, alguns depósitos foram feitos nas contas do filho de Teixeira e um dos contratos assinados pela Fifa levou a assinatura de Havelange, em 1997 e 1998.

“Os pagamentos foram feitos direta ou indiretamente aos dois; ambos eram executivos da Fifa e um deles ainda é”, completou o promotor em depoimento dados aos parlamentares em março deste ano.

SEM CONDENAÇÃO

Para encerrar o processo na Justiça suíça, Havelange acertou com a Fifa a devolução de cerca de US$ 400 mil. Já Teixeira encerrou o caso com a devolução de cerca de US$ 2,6 milhões. O dinheiro foi depositado na conta de massa falida da ISL, que ainda precisa pagar seus credores. Hildebrand afirmou também que a Fifa sempre soube do caso.