Construção: Governo «quer levar as empresas à falência» para não pagar dívidas

A AICCOPN – Associação dos Industriais da Construção Civil e Obras Públicas considera «incompreensível» que o setor «não seja contemplado» na estratégia de pagamentos estabelecida pelo Governo e questiona se este pretende deliberadamente «levar as empresas à falência» para não pagar.

Referindo-se ao documento apresentado pelo Executivo, e que enuncia as linhas de atuação com vista à redução das dívidas aos fornecedores, a associação critica duramente a ausência da construção na estratégia de pagamento estabelecida e lembra que a dívida total do Estado «supera os 1,4 mil milhões de euros» e «continua a crescer, não obstante os compromissos assumidos no memorando de entendimento», fato que está a colocar em causa a sobrevivência das empresas e de milhares de postos de trabalho». Só no caso das autarquias, adianta a AICCOPN, a dívida em atraso é de 930 milhões de euros e os prazos de pagamento situam-se, em média, nos 7,9 meses.

«Ao invés de contribuir para a resolução do problema, o Governo tem bloqueado todas as soluções”, acusa a associação, e questiona mesmo «se esta não será uma estratégia deliberada», que passa por «levar as empresas à falência» e, consequentemente, por uma «tentativa de não pagamento das dívidas».

Acrescenta o comunicado que o pagamento dos montantes em atraso às construtoras «seria suficiente» para contrabalançar os 1,3 mil milhões de euros de redução do crédito bancário com que o setor se confrontou nos últimos 12 meses.

«É uma atitude imponderada por parte do Governo, que nada faz para impedir o colapso de um setor que representa cerca de um quinto do PIB», salienta a AICCOPN, lembrando que «se assiste, diariamente, ao encerramento de cerca de 12 empresas e a uma perda de 360 postos de trabalho».