Celpa: credores conhecerão plano até agosto

O administrador judicial da Celpa, Mauro Santos, classificou de difícil a situação da empresa de distribuição de energia elétrica no Pará. A Celpa está sob regime de recuperação judicial desde fevereiro deste ano. Em entrevista concedida ao jornalista Mauro Bonna – apresentador do programa Argumento, da RBA –, Santos disse que as agências reguladoras “fizeram vista grossa” para os problemas da distribuidora.

Ontem, a administração judicial da empresa publicou a lista dos credores, o maior deles é um grupo de bancos americanos, cujos créditos com a distribuidora somam cerca de R$ 500 milhões. No total, as dívidas somariam R$ 2,4 bilhões, sendo quase R$ 1 bilhão com instituições financeiras e mais de R$ 500 milhões com a Eletrobrás, uma das acionistas da empresa.

Também foi publicado no Diário Oficial de ontem o plano de recuperação da Celpa, que prevê a necessidade de aportes de pelo menos R$ 650 milhões para garantir, segundo Santos, o pagamento de trabalhadores e dos “fornecedores mais críticos”, aqueles que atuam em áreas fins da empresa e cuja interrupção dos contratos poderia levar a problemas no fornecimento de energia.

O plano de recuperação deve ser apresentado aos credores até agosto deste ano. Caso seja rejeitado, a saída será a falência da empresa. Apesar do cenário crítico, o advogado diz que, passada essa fase, as perspectivas são boas para a empresa, a partir de 2013.

O desafio é buscar investidores interessados no negócio de distribuição de energia no Pará. Embora a Eletrobrás detenha 34% das ações da distribuidora, Santos diz não acreditar que haverá uma federalização da empresa ou mesmo uma reestatização. “Acredito que o próprio mercado vai acabar resolvendo”.

O advogado diz que no processo de recuperação vai reivindicar que o grupo Rede, controlador da empresa, priorize trabalhadores e fornecedores locais que prestam serviços quase que exclusivamente para a empresa.

Uma das consequências da recuperação judicial decretada pela Justiça foi a suspensão de pagamentos, entre eles as indenizações referentes a perdas que os trabalhadores tiveram com o plano Bresser. “Vamos tentar retomar esses pagamentos em prazo menor”. Apesar das constantes quedas de energia, Santos diz que os índices técnicos da Celpa melhoraram nos últimos dois anos e diz não acreditar em apagão.