Binotto faz pedido de recuperação judicial

A Transportadora Binotto, entrou com pedido de recuperação judicial na 2ª Vara Cível, de Lages (SC), cidade onde está sediada. A empresa, que era comandada pela família Binotto desde sua fundação há 50 anos, alegou, principalmente, problemas decorrentes da crise econômica mundial de 2008, que causou cancelamentos de contratos. O pedido para a recuperação foi feito no fim de março e a Binotto deve apresentar um plano para a melhora de sua saúde financeira até o fim de maio.

Segundo o advogado que representa a Binotto, Felipe Lolatto, vários contratos foram rescindidos ou renegociados em função das mudanças no mercado em 2008. «À época, a transportadora mantinha contratos de transporte com várias usinas, nos Estados de São Paulo e Mato Grosso, que foram unilateralmente rescindidos.» A empresa tomou empréstimos em bancos a juros altos e no curto prazo para fazer frente aos compromissos que tinha e acabou aumentando de forma significativa seu grau de endividamento.

Além disso, Lolatto afirma que houve problemas na área trabalhista por conta de divergências sobre a legislação no que diz respeito à atividade de motorista de caminhões. Em várias empresas de transporte, os motoristas não possuem uma carga horária pré-definida de horas de trabalho que devem cumprir e também não há uma previsão de folgas entre as viagens. Diversos processos contra a Binotto reclamando pagamento de horas extras foram movidos, piorando a situação financeira da empresa.

A dívida total da Binotto que deverá ser renegociada com credores atinge cerca de R$ 135 milhões, das quais R$ 15 milhões de créditos trabalhistas, R$ 80 milhões com bancos e R$ 40 milhões com fornecedores, segundo dados fornecidos por Lolatto.

O sindicato dos trabalhadores dos transportes de Lages tem se mostrado favorável à recuperação da empresa, bem como representantes de ex-funcionários. O advogado Sérgio Dalmina, de Lages, por exemplo, tem cerca de 120 ações contra a empresa, sendo a maioria de ex-trabalhadores. Ele entende que a empresa teve um crescimento rápido nos anos 2000, mas ele não foi organizado e bem administrado. «Mas acredito que ela poderá se recuperar e que tem patrimônio para isso».

O faturamento da companhia, que já chegou a cerca de R$ 350 milhões ao ano, caiu para cerca de R$ 60 milhões em 2011.