Bancos noticiam criação de equipes especializadas e pacotes especiais para auxílio a empresas em crise

Atentos ao número crescente de pedidos de Recuperação Judicial e preocupados com o enfrentamento de “efeitos cascata”, bancos como Bradesco, Santander e Itaú têm noticiado a adoção de conjuntos de medidas preventivas, voltadas a auxiliar empresas em crise e, assim, mitigar reveses aos seus próprios negócios e resultados (Leia mais).

Segundo divulgado por tais instituições, as providências implementadas iniciaram pela criação de equipes internas especializadas em reestruturação de empresas, que passaram a manter criterioso monitoramento a quaisquer indicativos de instabilidade financeira, focadas em clientes de grande e médio porte, a fim de identificar aqueles que estejam atravessando situação delicada. A partir dessa triagem, sua intenção seria atuar de forma antecipada no combate a potenciais problemas mais vultosos, podendo oferecer “pacotes de ajuda”, incluindo o alongamento de dívidas (com tomadas de novas garantias) e mesmo cooperação na busca de investidor(es) para injetar capital na operação.

Sem romantismo, é preciso acompanhar até que ponto a dita iniciativa dos bancos representará verdadeira colaboração com o restabelecimento da saúde de empresas em crise ao invés de simples intensificação de esforços na blindagem dos interesses unilaterais da instituição financeira, pois o que se verifica, na prática, com relação a casos análogos, são abruptos cortes a linhas de crédito e inscrições em cadastros desabonatórios públicos, acompanhados por pesadas exigências de novas garantias, usualmente voltadas a recebíveis e/ou ao patrimônio pessoal de sócios e acionistas, com consequente sufocamento dos empreendedores, tornando os riscos ilimitados e o sustento da atividade impraticável.

De outro lado, sem dúvida alguma, o cenário atual e as projeções nada animadoras da economia nacional, em paralelo aos recordes alcançados no número de Recuperações Judiciais, bem como à contínua/legítima pressão para reformas legislativas e decisões jurisprudenciais tendentes à redução dos privilégios dos bancos nesses processos, estão obrigando as diretorias de instituições financeiras a intensas reflexões, provocando que se dediquem à busca de melhores planos de ação frente a tal realidade.

Em síntese, o que se espera é que os bancos tenham, efetivamente, percebido que uma contribuição significativa de sua parte com o soerguimento de empresas em crise talvez seja alternativa mais vantajosa diante da gravidade da situação a que chegou o país, cumprindo valioso papel no desejo coletivo de freio às quebras em massa que se têm observado e, ainda, surtindo, a médio e longo prazo, maiores benefícios às próprias instituição financeiras do que a postura belicosa e autocentrada que se revela como regra na sua atuação em ações de Recuperação Judicial e Falências.