Justiça de Alagoas decreta falência das empresas de João Lyra

Um dos mais tradicionais empresários do setor sucroenergético nordestino, João Lyra, de 82 anos, recebeu nesta quinta-feira (27/9) a notícia de que o Tribunal de Justiça de Alagoas decretou a falência da Usinas Lagina Industrial S.A, e pelo menos outras quatro fábricas de açúcar e etanol de sua propriedade. As unidades ficam em Alagoas e Minas Gerais.  Fábrica de adubos faz parte da massa falida.

A decisão foi tomada porque Lyra deve cerca de R$ 1,28 bilhão, segundo o TJ/AL a dois fornecedores, a Calyon e a Natixis, que atuam no setor. As duas empresas entraram com recurso na Justiça cobrando o pagamento do débito.

Além da Usina Lagina, a falência se estende à usina Guaxuma, localizada em Coruripe (AL), Uruba, em Atalaia (AL), Triálcool, de Canápolis (MG) e Vale do Paranaíba, em Capinópolis (MG), a uma produtora de fertilizantes e adubos, a Adubos Jotaele, uma concessionária de automóveis, empresa de taxi aereo e um hospital.

As dívidas do grupo estouraram no ano de 2008, após a crise financeira mundial. O grupo anunciou em 2009 um plano de recuperação das indústrias, mas não conseguiu quitar o prejuízo. Neste período, os funcionários das usinas deram início a protestos e fecharam rodovias na região pedindo pagamento de salários atrasados. Em Maceió, capital de Alagoas, onde o deputado mora, os colaboradores chegaram a tomar a rua da casa dele.

João Lyra é pai de Teresa Collor, viúva de Pedro Collor de Melo, e o deputado federal mais rico do país, com um patrimônio declarado de R$ 200 milhões. Em 2008, Lyra foi acusado de manter trabalho escravo em uma das usinas. Seu único irmão, Carlos, também é usineiro e mantém o grupo Carlos Lyra, um dos mais bem sucedidos do nordeste.
Somente nos últimos anos, 42 outras usinas também já fecharam as suas portas na região Centro-Sul. Este número agora, sobe para 44 considerando que as duas usinas mineira do grupo pertencem a esta região.