Celpa: credora, Eletrobras questiona recuperação judicial

A Eletrobras, na posição de credora, não considera a recuperação judicial da Celpa como a melhor opção para a distribuidora paraense de energia, disse nesta quinta-feira o diretor financeiro da estatal elétrica, Armando Casado de Araújo.

Ele não indicou, porém, qual seria uma alternativa viável de modo a garantir a recuperação de dívidas da Celpa.

A Eletrobras é credora e também acionista da Celpa, com 34 por cento do capital da empresa controlada pelo Grupo Rede Energia.

«A princípio, nós como credores da Celpa não achamos que (a recuperação judicial) é a melhor opção», disse Casado de Araújo, ao ser questionado sobre por que a Eletrobras votou contra a recuperação judicial da Celpa durante a assembleia de acionistas.

«É uma estratégia que a gente não acha a melhor de ser tomada», completou.

Segundo o diretor-financeiro, a concessão da Celpa é uma concessão «forte», já que a distribuidora que atua no Pará está no mesmo Estado em que está sendo construída a usina hidrelétrica Belo Monte (11 mil MW) e onde está sendo planejada a construção das usinas do complexo do Tapajós (13,6 mil MW).

«Lá tem que ter uma concessionária forte… claro que uma concessão de serviço público num Estado como aquele não vai deixar de ter uma solução», completou.

O presidente da Eletrobras, José da Costa Carvalho Neto, já reafirmou que apesar de a estatal federal ser uma das acionistas da companhia, não deverá assumir a distribuidora paraense num processo de federalização.

A Eletrobras provisionou cerca de 524 milhões de reais em seu resultado de 2011 referente a dívidas e investimentos na Celpa, na Cemat e na Celtins.

DÍVIDA

O diretor-financeiro da Eletrobras reafirmou que a empresa pretende recorrer ao mercado para emitir 4,5 bilhões de reais em dívida da companhia mas que ainda não sabe se acessará o mercado externo ou interno, o que vai ser avaliado dentro dos próximos 30 dias.

«A taxa de câmbio subiu. A gente tem que reavaliar o cenário… temos que rever esses cálculos e ver qual o melhor custo para captar», disse, ao ressaltar que a companhia não tem pressa para definir a forma de captação.

GERAÇÃO

As greves que afetaram as usinas hidrelétricas do Rio Madeira, Jirau e Santo Antônio, e a hidrelétrica no Rio Xingu, Belo Monte, ainda não afetaram o cronograma das hidrelétricas e a previsão de entrada em operação de Jirau e Belo Monte, disse o diretor-financeiro.

Segundo ele, a hidrelétrica de Jirau ainda está dentro do prazo com a previsão de entrada em operação em janeiro de 2013, assim como a hidrelétrica de Belo Monte, cuja primeira máquina começa a operar em janeiro de 2015.

Os trabalhadores da usina hidrelétrica de Belo Monte haviam decidido nesta manhã que entrarão em greve a partir da próxima segunda-feira.

A Eletrobras tem participação nos três empreendimentos. A usina hidrelétrica de Santo Antônio já entrou em operação comercial com as primeiras máquinas mas a obra continua em andamento.